Bateste com o mindinho do

Porquê estudar Filosofia?

Acordei segunda feira no meu (pequeno) pânico habitual de não saber o que escrever esta semana.

“É desta que vou falar sobre o Epicurismo? Hmm, mas gostava de ler sobre moralidade…”

E como se fosse aquela mosca que me entrou no nariz ontem, do nada, questionei-me: “Eu estou a fazer isto porquê, MESMO?”

Passaram 2 meses desde que comecei este projeto, e sempre que me perguntavam porquê, dizia:

“Quero que as pessoas vivam com calma, e que percebam o que podem ou não influenciar. Porque muitas das coisas que nos acontecem só nos afetam se lhes dermos importância.”

E eu sabia que essa era uma resposta coerente e até mesmo afável, mas não me satisfazia. Porque isso era só o meu objectivo inicial.

O que eu quero é descobrir o que já foi pensado. Até onde já chegou o pensamento humano? Até que ponto já pensámos sobre moralidade, sabedoria, deuses, lógica ou até mesmo como viver uma vida melhor?

Depois da filosofia sonolenta e monótona do 11o ano, acho que ficámos com a ideia errada sobre a filosofia. A única coisa bem gravada na minha memória é o Tomás estar no canto da sala com a mão no bolso e o professor perguntar - “Então Tomás? Estás a jogar ao berlinde?”

Não me lembro de determinismo ou libertismo, Kant ou Sócrates, ou qualquer coisa que realmente me desafie intelectualmente. Não querendo claro, tirar crédito aos (sucedidos) esforços comediantes do meu professor.

Simplesmente, acho que não foi o tempo certo para falar sobre isso. Estava mais interessado nos namoros e na PS3, não no sentido da vida.

Mas as coisas mudaram. Especialmente, quando entrei para a universidade e houve uma explosão de conteúdo de autoajuda.

E o que é isso senão argumentos e ideias para ter uma vida melhor e fazer sentido disto tudo? Imensos filósofos já pensaram sobre isso. Platão, Sócrates, Zeno, Aristóteles…

A verdade é que muito do conteúdo que circula agora na Internet ou nos livros volta sempre a bater na mesma tecla - na filosofia antiga. E o que eu quero é aprender com os antigos, e escrever artigos para o agora.

Não só sobre ajuda-pessoal, que me interessa muitíssimo, mas sobre “as perguntas grandes”: O que é sabedoria? A moralidade é objectiva ou subjectiva? Há um Deus? O que é a verdade?

E compreendo que comecem a fazer a pergunta que também me fiz antes de começar a estudar: “De que me serve saber isto? A minha vida não vai ser igual?”

Questões legítimas. É verdade que o aparente carácter abstrato da filosofia pode não ter nenhuma aplicação concreta no mundo real, - o que não é verdade, mas falarei disso no futuro - mas independentemente, as coisas que se aprendem “por tabela” são de imenso valor.

Pensamento crítico, boa definição de valores pessoais, compreender o ponto de vista dos outros. Tudo isto são coisas que se melhoram a estudar filosofia.

Não mencionando sequer, as diversas interpretaçōes de como viver uma boa vida.

O que devo eu à filosofia por me ajudar a ser a pessoa que sou! (especialmente ao Estoicismo <3)

É por isso que decidi começar este projeto. Para voltar a acender a minha e a vossa chama intelectual. Porque acredito piamente (e isto é uma palavra que nunca escrevi), que precisamos de filosofia para viver uma vida melhor.

Se estás a ler esta frase, obrigado pela atenção que hoje em dia parece estar em falta. Gosto de ti.

Miguel