É lidar

Lidar advém do Latim LITIGARE - "debate, disputa, luta". Significa também tourear, o que vai mais na nossa onda. Tourear os nossos pensamentos e aquilo que nos acontece.
Lidar para nós é compreender que a vida continua além do que parece não andar. O facto de estares a ler esta frase agora mesmo é o exemplo perfeito como todos os momentos difíceis da tua vida já passaram até agora. Parabéns 🎉🎉!
Acreditamos que lidar é conseguir distinguir o que importa do que não importa, e tudo o que não importa é erradicado da existência. Se não interessa, porque deve ter a minha atenção?
Lidar é distinguir a importância das coisas e compreender aquilo que está sob o nosso controlo, e aquilo que está fora do nosso alcance.
Consigo controlar aquilo que eu visto, mas não o que o Zé da Esquina veste.
Consigo controlar as minhas ações, mas não as do tipo que me bateu no carro.
Consigo preparar-me para a apresentação de Português fazendo-a o mais interessante possível, mas não consigo controlar a atenção dos que vêm (não os julgo sinceramente).
Tudo sob o nosso controlo é que merece a nossa atenção, tudo o resto são distracções da nossa virtude.
A verdade é que os momentos de verdadeiro lidanço são difíceis. Shakespeare diz: “O roubado que ri, rouba o ladrão”. Gosto de pensar que a maior parte das vezes o ladrão só quer o nosso móvel e não ferir os nossos sentimentos, por isso sugiro a frase: “O roubado que ri salva-se”. Não que ser roubado seja bom; é uma valente mer**. Mas o que posso fazer agora?
Lidar não é uma acção, é um estado de espírito. É uma maneira de olhar para o que nos acontece e tirar o melhor partido da situação. Se há uma coisa garantida no meio disto tudo é que “nós vamos todos falecer”, por isso podemos começar a aceitar que se calhar a:
“Vida é uma tragédia para quem sente, e uma comédia para quem pensa.” - Jean de La Bruvère
Lidar parte muito, senão exclusivamente, dos ensinamentos estóicos que advêm no inicio do século III a.C.
Zenão de Cítio era um mercante que navegava pelos mares com os seus bens, mas um dia, numa grande tempestade o seu barco naufragou, assim como todas as suas riquezas. Sendo arrastado para a costa de Ática na Grécia, Zenão estava sem nada. Passadas horas, dias ou semanas (não se sabe), Zenão foi para a biblioteca da cidade e deparou-se com um livro chamado Memorabilia que contem excertos do magnifico filósofo Socrates.
Atraído por tal grandiosidade filósofa, Zenão perguntou ao bibliotecário onde conseguia encontrar alguém assim, e, segundo a lenda, nesse exato momento passava fora da biblioteca Crates de Tebas, o mais famoso cínico da época (cínico é uma filosofia… falaremos em outro artigo). Crates acolheu Zenão na sua escola, e foi ai que após ele ter estudado os mais influentes filósofos da época, deu inicio á sua própria filosofia, o Zenoísmo.
Mais tarde após a sua morte os seus estudantes mudaram o nome da filosofia para um menos egocêntrico nome de Estoicismo. Zenão não tendo o dinheiro para escolas grandiosas, ensinava os seus estudantes debaixo de um alpendre de onde advém a palavra Stoa.
O Estoicismo apela a uma visão do mundo lógico, com foco principal do conhecimento humano interior, com bases em autocontrole e pensamento, como maneira de ultrapassar emoções negativas.
Criámos o É Lidar para fomentar e argumentar estas ideologias que, para nós, são do mais autêntico valor.
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