O teu inimigo número 1

Esta é a terceira semana consecutiva que faço a newsletter quinta feira. Porque sexta já é muito em cima da hora.
Lembro-me que no início começava a escrever segunda-feira, mas agora deixo a inquietação das 4 da tarde de sexta se aproximar mais e mais.
Mas eu já tenho a ideia deste artigo desde Domingo.
Então porque é que não escrevi nada?
Aqui começa a ginástica mental que todos passamos. Vou enumerar as GRANDES desculpas e disseca-las.
Não tenho tempo.
É verdade. Comecei a trabalhar recentemente e o tempo encurtou-se para escrever. Mas daí a não ter tempo? Há toneladas de tempo.
Ninguém diz que não tem tempo para tomar banho. Porque isso é essencial.
Dizer que não há tempo é dizer que não é uma prioridade.
Procrastinação
Já repararam que sempre que encontram adversidade olham para o móvel, abrem um novo tab ou decidem que é uma perfeita ocasião para ir buscar água?
Eu também.
No livro “Guerra da arte”, o autor Steven Pressfield denomina este momento como a Resistência.
E é nesse momento que o nosso cérebro de macaco que tanto gosta de dopamina começa a gritar: “Não gosto disto”, “Quero outra coisa”.
Nesta “guerra” nós somos os heróis, e decidimos se vamos ao ataque ou vamos deixar-nos levar pela nossa natureza.
Nota como queres sempre fugir do desconforto. Talvez assim comeces a mudar o teu comportamento.
O que me leva ao ponto que eu queria chegar desde Domingo:
Tenho medo
O medo hoje está muito escondido.
Já não temos medo de ser atacados por um tigre quando saímos da nossa caverna, mas temos medo de ser rejeitados, medo de gastar tempo, medo de não ser o suficiente, medo de perder algo… medo.
Medo que ao contrário de proteger, só nos deixa parados.
Ficamos parados na nossa zona de conforto.
Porque para a nossa cabeça de primata, é preferível ficar no sofá a comer gelado do que ir correr 30 minutos e comer uma maçã.
Queremos conforto e acabamos por fazer nada.
Damos desculpas e enchemos o nosso tempo com coisas que não são as nossas prioridades.
Quando reescrevemos a narrativa da inatividade que todos passamos, podemos escrever as coisas assim:
Temos medo de falar com um desconhecido. Medo de começar um projeto. Medo de pedir uma opinião. Medo de ter medo.
No final, estamos (preparem-se para uma palavra forte) aterrorizados em estar tempo sozinhos a fazer o que é preciso.
Como disse Blaise Pascal:
“Todos os problemas da humanidade advêm da incapacidade humana de se sentar silenciosamente num quarto sozinho”
A solução é simples e a Nike, que não me está a patrocinar, tem a solução, que em Português soa 14000x melhor.
Faz só.
Agarra a Resistência pelas orelhas chuta para o lixo.
Faz só.
Só nos arrependemos das oportunidades que não tomamos.
Os textos que não escrevemos, as pessoas que não conhecemos, as experiências que não tivemos.
A Resistência é talvez, o nosso único inimigo.
Pára com as desculpas e faz só.